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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A Onda anti-Marta, passado e presente

Por Emily Cardoso

Andam dizendo por aí que Marta é preconceituosa (?!). Mas, péraí: não é ela que sobe em caminhão de parada gay, enquanto o atual prefeito não se expõe num evento assim nem amarrado? Que eu saiba, é ela, junto com sua família, que sofrem difamação, desrespeito, humilhações. Atuei nas campanhas anteriores de Marta e constato, hoje, que de lá pra cá, nada mudou. Aliás, piorou.

Enquanto mulher, sei o que é ser xingada nas ruas, quase agredida fisicamente, quando estamos em campanha. E quando nem estamos. "Mulher não serve pra governar ; é pra ficar em casa, cuidando do marido, dos filhos, cozinhando", me falou um indivíduo. "A Marta gosta de gozar !", gritou um infeliz, que certamente não goza e nem "permite" prazer às mulheres. É assim: querem controlar também o prazer da mulher em todos os sentidos, decidir com quem a ex-prefeita deve se relacionar sexual-afetivamente, se com argentino ou brasileiro.

Marta é a nova Geni, "joga pedra nela!" Seu "pecado" foi ter nascido mulher, saído do espaço privado para o público, para o poder político, negado às mulheres. Como ousa, tomar o lugar reservado ao masculino? Quando alguém ofende uma mulher, apela ao moralismo de conteúdo sexual-bíblico, se posso assim dizer, e aí entra o pecado original, a curiosidade de Eva pelo conhecimento. E sobram adjetivos para atingir o gênero feminino: "puta, vagabunda..."

Enquanto lésbica, sei o que é ser discriminada. Nem por isso apelo à vitimização. Não pretendo aqui justificar uma coisa pela outra, da política do olho por olho... Até outro dia, o que se ouvia por aí era o comentário de que Marta defende os gays, ou seja, "argumento fortíssimo" pra não se votar nela. Sendo assim, alguém precisa combinar: defende ou não defende?

"Como pode, aquela vaca, que traiu o marido, se meter na vida do Kassab?", uma mulher tomou as dores. De um dia para o outro, São Paulo deixou a caretice de lado, ficou hipocritamente avançada e agora até apóia homossexuais, ou melhor, gays, uma vez que lésbica, sendo mulher, não existe.

No entanto, depende de quem mereça tamanha defesa. De repente, as pessoas indignam-se com indagações a respeito da vida íntima do prefeito, que posa de vítima e exige desculpas de Marta. Justo ele, que chamou a candidata de mentirosa umas três vezes, no último debate, e ela não teve direito de resposta atendido (ao contrário do prefeito), pelos juristas da TV Bandeirantes. Se Marta fosse lésbica, haveria igual manifestação de solidariedade? Contudo, a solidariedade é masculina (redundância), sempre.

O candidato PFL/DEM significa o retrocesso para a cidade de São Paulo. Kassab mascara a realidade quando convém. Renega seu passado político. O projeto pefelistademo é um só: perpetuar o poder de sua classe, abismo social-econômico, conservadorismo, repressão, discriminação, exclusão.

Em tempo: Kassab vetou o projeto de lei anti-homofobia.

P.S.: Para conhecer a íntegra do Projeto de Lei 440/01, aprovado na Câmara em dezembro de 2006 e vetado na íntegra em fevereiro de 2007, clique aqui.

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2 comentários:

Vinicius Duarte disse...

Vamos com calma... Senão fica naquela de "relaxa e goza" lá do outro lado: fala de qualquer jeito, pra ver se cola.

O veto do Chucky ao projeto não se deu por "divergência" contra o mesmo, mas sim por ser absolutamente redundante, isto é, já haver legislação específica nas esferas estadual e federal tratando do mesmo tema. Seu despacho é claro, e, ao meu ver, bastante oportuno, uma vez que essa superposição de leis, muitas vezes, ao invés de proteger o bem jurídico, acaba prejudicando.

Tony disse...

Bom, realmente, esta revolta de todos com relação ao assunto do homossexualismo é pura hipocrisia... quem antes chingava a Marta por isso, hoje chinga por a mídia dizer que ela é contra...

A exploração do fato de ele ser ou não está mais para fazer ele de coitado do que pra outra coisa. E fato é que o Kassab é gay mesmo, e não é maior falta de respeito ele não assumir a homossexualidade com medo de perder votos ou então da parte conservadora da sociedade paulista?

Bom, sobre o post só tenho uma observação a fazer. Kassab vai sim na parada gay, durante a parada de 2007 ele ja estava lá fazendo campanha lá na parada.