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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Por que AGORA sou Marta

Postado no Com Fel e Limão

Declarar o voto publicamente tem suas implicações. Uma delas é ter de justificá-lo. No primeiro turno, votei Renato Reichmann, e justifiquei aqui. Agora vou de MARTA. Por várias diferenças técnicas (bem ao gosto do PSDB) e uma política. Talvez a política seja a que mais me impulsiona, mas as técnicas são as seguintes, ponto a ponto, e "comparando gestões":


1 - EDUCAÇÃO: Marta "criou" os CEUs (a idéia é do saudoso Brizola, ressalte-se). Muito criticados, à época, conversinha de "faraônico" e tal. A verdade é uma só: é um dos projetos de maior impacto socio-educativo junto às áreas onde foram criados. Dão aos moradores do entorno uma sensação de INCLUSÃO numa cidade altamente excludente como SP. O cara trabalha no Club Athletico Paulistano de faxineiro e, perto de sua casa, vê um CEU e não baba mais pensando na piscina do bacana. Serra não queria os CEUs, Kassab foi FORÇADO pela população (e pelo orçamento) a não esquecer a idéia. A distribuição gratuita de uniformes e material escolar foi iniciada na gestão Marta. O transporte escolar gratuito foi outra grande iniciativa da ex-prefeita. Veja que NENHUMA dessas ações foi descontinuada por Kassab, mas algumas ações adjacentes a estas foram desvirtuadas: as atividades culturais dos CEUs foram reduzidas/pioradas, o "Vai-e-volta" virou "TEG" e seu raio de atuação foi diminuído. Os uniformes foram distribuídos atabalhoadamente. O "Choque de gestão" explica muito sobre isso, mas não vou me alongar. Vejam vocês mesmos.

2 - SAÚDE: nesse ponto, os dois foram mal. Mas Marta foi menos pior, uma vez que pegou o sistema DESTRUÍDO por Maluf/Pitta. Dos quatro anos que governou, passou três "arrumando a casa". Kassab, agora, nada de braçada no trampo da Marta. Lamentável o desmonte do Programa de Saúde da Família pelo "Chucky", direcionando os recursos da Saúde para a construção das tais AMAs (muitas delas são antigas UBS disfarçadas). No ano passado, utilizei os serviços de uma UBS, e vi, (em 2007!), prontuários preenchidos à mão pelos médicos. Um hemograma demorou QUINZE dias para ficar pronto. Mas o cheiro era de "tinta nova" nos corredores.

3 - MOBILIDADE URBANA (tucanaram o transporte!): Aí, meu camarada, não tem pra ninguém: Marta GANHA LONGE em qualquer aspecto que se olhe a questão. Quem fala é um cara que passou os últimos seis anos como taxista na cidade. Nunca imaginei que alguém conseguisse trabalhar com a máfia dos transportes em SP e dar um jeito naquela zona. Peruas e táxis clandestinos infestavam a cidade; ônibus velhos, clandestinos e inseguros circulavam livremente. A mulher conversou até com o PCC (!) e implantou bilhete único e as cooperativas (Microônibus). Ah, MUITO importante: José Serra, Alckmin e cia. bela BOICOTARAM o bilhete único, segurando até os 44 do segundo tempo sua integração com Metrô e CPTM, alegando absurdas questões técnicas e financeiras. Quando ganharam a a eleição, liberaram NA HORA. Lembram disso?

Kassab e seus irmãos, CONSULTORES DO SINDICATO DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS reduziram as partidas dos coletivos, impediram a recarga na catraca alegando "fraude" e não construíram os corredores previstos, por exemplo, nas avenidas Braz Leme (os bacanas da região não queriam) e Brasil (os bacanas da região também não queriam). Os "túneis que acabam em semáforos" eram necessários, e só quem já ficou preso vinte minutos na confluência RebouçasxFaria Lima pode dizer, mas foram construídos na direção errada (os buracos eram pra serem feitos NA FARIA LIMA, não na Rebouças). E a maior "obra viária" do Kassab – a "ponte chiquérrima", foi UM ERRO DOS DOIS: Marta começou, ele terminou. Veja o link e refresque a memória.

4 - OCUPAÇÃO:
Marta, depois de muita luta (e concessões absurdas, diga-se) aprovou um Plano Diretor para a cidade. Isso é um grande avanço para colocar um pouco de ordem nessa bagunça. Marta tem ao seu lado pessoas mais competentes pra tratar a questão, enquanto Kassab é mui amigo de especuladores imobiliários do tipo Cyrella, Chap-Chap e quejandos. Enquanto Marta pensa, ao urbanizar a favela, na condição social do morador (vide o Parque do Gato), Kassab adota um "jeito Maluf de ser", achando que é só construir o prédio e colocar as pessoas dentro. Veja o estado dos Cingapura. Veja como era o Parque do Gato e como está agora, depois que a assistência social colocada no empreendimento foi defenestrada (gasto inútil, segundo eles). Muito antes de ganhar a chave da sua nova casa, o morador tem de aprender a viver nesse novo cenário. Senão vira uma favela em formato de edifício.

E, por último, mas não menos importante, a questão POLÍTICA: votar em Kassab significa votar em JOSÉ SERRA. Kassab é um zé-ninguém político, tanto é que as pessoas, para justificarem seus votos kassabistas, não falam a favor dele, falam CONTRA MARTA. Só que o perigo verdadeiro é avalizar Serra, que governa SP em companhia das aves bicudas há um século e o maior estado do Brasil é isso que vemos por aqui. E "as aves que cagam enquanto voam" estão voando para o planalto. VADE RETRO!

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3 comentários:

Glauco disse...

É bom ressaltar que os CEUs têm muitas diferenças em relação aos CIEPs. Primeiro e mais evidente é a possibilidade de toda a comunidade ao redor, e não só os alunos, usufruirem dos equipamentos esportivos e culturais. A gestão também envolve os moradores do local, sendo mais democrática e participativa, portanto a idéia vai além da questão da educação formal.

Vinicius Duarte disse...

sim, Glauco. Por isso falei sobre a "idéia", e logo depois, disse sobre a integração com a comunidade, coisa que, evidentemente, não estava no projeto do CIEP.

Anselmo disse...

Sobre a saúde, vale a pena ler o último parágrafo de uma matéria publicada no Estadão em 2007 (republicada pelo projeto aprendiz):
"[O Ministério Público do Estado de São Paulo] considera ilegais convênios firmados pela Prefeitura com as entidades sem fins lucrativos para a gestão das unidades. Os promotores dizem que é questionável a necessidade de terceiros para executar os serviços, o que o governo contesta, garantindo que isso traz agilidade ao atendimento."

Ou seja, se a Justiça der razão ao MPE, daqui a alguns anos, os repasses do SUS para as AMAs vão ser interrompidos e as estruturas vão ter que ser repensadas.

Não que o risco de reversão judicial seja motivo para não se tentar medidas administrativas diferentes, mas quando há precedentes, fica meio complicado.