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domingo, 19 de outubro de 2008

Tragédias paulistas e paulistanas

Postado no Pandini GP.

Uma obra do metrô que cede, causando mortes e desabamentos. Uma greve da Polícia Civil em que o governo se recusa a negociar. Polícia Militar contra Polícia Civil, expondo um comando fraco e incompetente. Um seqüestro que dura cem horas. Uma refém menor de idade, libertada do cativeiro, volta ao seqüestrador para "negociar", com "autorização" da polícia - caso que termina com as duas reféns baleadas, uma delas gravemente.

Enquanto isso, na cidade, bibliotecas são fechadas pela prefeitura por "falta de público", mostrando a limitação intelectual (para dizer o mínimo) de quem administra um espaço de conhecimento como se fosse uma casa de espetáculos de capital privado. Um prefeito que participou ativamente de governos que afundaram São Paulo financeiramente e que se apresenta como se nada tivesse a ver com isso.

Uma mídia podre, conivente, que mente, omite, distorce e manipula fatos a seu bel-prazer. E, pior, que é levada a sério por cidadãos incautos, anestesiados, que parecem ter perdido a capacidade de lutar por seus direitos, de se inconformar, de exigir respeito e condições de vida decentes. De perceber o absurdo de perder duas, três horas no meio do trânsito e de morarem em uma cidade em que cada centímetro de chão é tratado não como um espaço público, mas como uma mina de dinheiro que reverte em gordos lucros à perversa associação formada por políticos, empreiteiras, construtoras e imobiliárias.

O estado de São Paulo, "a locomotiva do Brasil" na visão de alguns esnobes, é um trem enferrujado, obsoleto e mal conduzido. A capital do estado, que alguns apresentam orgulhosamente como "moderna e cosmopolita", não passa de uma cidade provinciana à mercê de predadores e habitada por hipócritas e preconceituosos. A "elite" tem apenas dinheiro. De resto, falta tudo: classe, cultura, educação, espírito comunitário, discernimento, preocupação com o próximo, civismo, instinto de preservação, bom senso. Não surpreende que uma cidade comandada por pessoas assim tenha se tornado o que é: um inferno sem qualidade de vida, que consome diariamente a saúde de seus habitantes.

Pronto, desabafei.

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Um comentário:

Anderson Barbosa disse...

Ola, nao achei onde pudesse postar isso, entao, vai aqui, como comentario e depois, se quiserem, postem como materia do blog


Prezados



O artigo escrito pelo sociólogo Nelso Canesin (abaixo destas minhas obs) coloca o pingo no i na hipocrisia da midia e dos que foram capturados pelo conservadorismo.

Reafirma o comentário feito pelo leitor Evaldo Novelini, na FSP de 18-10-08 (sábado) a propósito de artigo escrito há dois meses, pelo autocentrado Contardo Calligaris, de que era importante, nas eleições, saber se o caro do 17o andar transa com o ascensorista e agora condenou a campanha da Marta por perguntar se o prefeito era casado.

A esses Contardos pouco importa o uso aberto do poder nas eleições como explicitado por alguns fatos como:

- O próprio Kassab enviar e-mails aos subprefeitos pedindo que atuem em locais onde o Ibope iria fazer pesquisa;

- Aparecer, nesta semana, ao lado do Serra dando checão para uso em obras do metrô;

- Comparecer a inaugurações de obras, fato mais explicito do que o que motivou a justiça eleitoral a cassar o candidato eleito Márcio Chaves, do PT, em Mauá, em 2004;



A esses:

- Pouco importa alçar à maior e principal cidade do País o PFL, desde que seja para derrotar a arrogância da Marta.

- Pouco importa seu passado conservador, ainda que oriente o presente, como explicitado pelo não reconhecimento pelo Kassab do Conselho Municipal de Saúde - órgão previsto na Lei do SUS - para fiscalizar as ações de saúde; como explica o não reconhecimento dos conselhos de representantes das subprefeituras, aprovado em 2004; a extinção (secretaria de segurança urbana) e a criação de secretarías (parcerias) por decreto, atos proibidos desde a constituição de 1988 e tornado possível com o concurso do ex-procurador do Estado, Luiz Marrey que virou secretário municipal e agora de Estado.

- Pouco importa as políticas que Kassab desenvolve de manter recursos da prefeitura em caixa, não como provisão para pagar gastos contraídos (empenhos feitos), mas fruto de acordo feito em 2005, quando retiraram a conta salário e a conta fornecedores (hoje são 26 bilhões/ano) do Banco do Brasil e passaram para o Itaú e Bradesco. Manter um elevado saldo aplicado gerando à Prefeitura juros de poupança ou de CDB e aos bancos, que os emprestam a nós, dez vezes mais, é provavelmente uma boa maneira de financiar campanhas. É imprescindível a investigação da diferença sobre o recebido pelas aplicações e o ganho dos bancos, penalizando a população, pois estes recursos deveriam ser empregados na redução das desigualdades existentes na cidade.

- A esses pouco importa que a política estruturante de sáude da atual gestão seja a implantação de AMAs, ou seja, serviços de pronto atendimento, que vem contribuindo para desorganizar a tenção à saúde na cidade. Neste serviços trabalha-se em regime de plantão e paga-se mais do que o trabalho em PSF ou UBS, que desenvolvem ações que evitam doenças e óbitos, como controle de hipertensão, diabetes, prevenção de canceres, etc.

- A esses pouco importa se a mortalidade por aborto aumentasse por que entragaram a política de saúde de regiões da cidade a instituições que, por concepções religiosas, restringem o incentivo ao uso de preservativos e deixam de fazer abortos, mesmo nos casos amparados na lei, como estupro.

- A este pouco importa a privatização e a desarticulação da da política de saúde mental na cidade que contraria os avanços conseguidos pelo país nos últimos anos

- A esses pouco importa se em 4 anos Kassab não investiu em transportes coletivos, não fizeram um Km de corredor de onibus ou novos terminais. Se limitaram, este ano, a dar cheques para o Metrô, que também não recebeu prioridades nos últimos 5 governos do Estado.

- A esses pouco importa se tem como política social a divisão dos bancos de praças (visitem a da República) para evitar que homens de rua neles possam descansar

- A esses pouco importa se o candidato fala que construiu 24 CEUs, mas só entregou 14. Seria o mesmo a Marta dizer que teria substituído todas as escolas de lata construídas na gestão Pitta. Ela substitui 11 e deixou as demais com a construção em andamento.

- A esses pouco importa que o presidente do PPS seja funcionário nomeado para conselhos de empresas municipais, trabalhando 2 horas/mês em troca 10 mil reais. Isto é tratado como normal, inclusive pela ex-canditada de "oposição" Soninha.



- A esses pouco importa se as forças que se reunem em torno do candidato esposam as concepções que vem levando o mundo à maior crise econômica - os arautos da redução do estado, da privataria, da redução da política de bem estar social e da restrição das liberdades políticas.



- A esses pouco importa a truculência do Serra na greve da polícia e a criminaliozaçã o dos mov sociais, nem mesmo a desatrada operação do dia seguinte em Santo André orientada como cortina de fumaça para a mal empreitada do dia anterior. Política irresponsável e que atenta contra a democracia.



- Não são argumentos racionais ou políticos que funcionam. Para eles a arrogância da Marta é o pior dos mundos.



- A direita strictu senso vinha sendo derrotada na cidade com o definhamento do malufismo e a incapacidade do PFL de substituílo. O PSDB acabou por agregar estas forças nas últimas eleições, sob sua hegemonia e agora, com ajuda de mais verniz intelectual (Contardos) e partidários (PPS) ajudam a restaurar as forças que na história brasileira impediram o avanço da democracia em todo século passado e ainda continuam pronta a tal. São forças cujas concepções não titubeiam em chamar ditaduras para preservar seus interesses.

O desfecho das eleições em São Paulo terá consequências para o país. É preciso que seja reposto o debate político e eliminado o preconceito que esconde, por parte dos Contadros, o abandono da causa democrática. Lutar contra botox, arrogância, descasamento é mais relevante.

Sexta-feira, 17 de Outubro de 2008
Chega de hipocrisia!! !


Sabe de onde ele veio? Qual a história do seu partido?/ De quem foi secretário e braço direito?/ De quem esteve sempre ao lado, desde que começou na política?/ Se já teve problemas com a justiça? Se melhorou de vida depois da política?/ É casado? Tem filhos? Foram essas as perguntas feitas a Kassab no programa eleitoral de Marta e que gerou um escarcéu danado no PIG (Partido da Imprensa Golpista).

O PIG paulistano (e alguns petistas puritanos) espernearam, dizendo que perguntar se o prefeito Kassab era casado ou se tinha filhos era baixaria e preconceito. Kassab não respondeu a nenhuma das perguntas e na defensiva saiu dizendo que não era homossexual. É inacreditável o que faz o PIG paulistano para proteger seu(s) candidato(s) e atacar seus adversários. Ontem mesmo, no SPTV, Carlos Tramontina deu uma demonstração de puxa-saquismo sublime ao perguntar a José Serra sobre o confronto entre as policias civil e militar e ficar levantando a bola pro tucano chutar. Não fez um único questionamento e nem ouviu os representantes dos policiais civis em greve.

Portanto, ninguém deve esperar do PIG paulistano que investigue sobre Kassab aquilo que já virou carne de vaca no mundo dos blogues e que todo mundo já comenta nas ruas. O prefeito Kassab criou a secretaria especial de desburocratizaçã o para acomodar ali seu suposto namorado, companheiro de dobradinhas eleitorais e sócio em várias empresas, Rodrigo Garcia. Kassab é do PFL, o mesmo PFL que defende o estado mínimo, como Kassab, que propõe que Lula corte recursos e diminua ministérios, criou uma secretaria apenas para acomodar seu sócio/companheiro? Imaginem se Kassab fosse do PT, o assunto seria pauta principal em todos os meios de comunicação do PIG. Ou se Marta, quando prefeita, criasse uma secretaria para acomodar seu marido. Qual seria a reação da mídia? Todos nós sabemos qual seria.

O mesmo PIG que investiga a vida de Lula e de toda sua família, que coloca câmeras de TV para flagrar gente do governo fazendo top-top, que revirou a vida pessoal de Marta e de tantas outras pessoas, simplesmente lava as mãos no episódio Kassab/Rodrigo, como se fosse anti-ético tocar no assunto. Ora bolas, hipócritas do PIG, se Kassab é gay, ou não, é um problema dele, mas se ele cria uma secretaria para acomodar seu suposto namorado, principalmente sendo seu sócio em diversas empresas como vem sendo divulgado por este e tantos outros blogues, então isso é problema de todos nós, eleitores desta cidade. A mídia não pode continuar nos sonegando informações que já estão se tornando públicas no boca-a-boca desta cidade. Pelo simples fato de fazer as duas últimas perguntas que iniciam este texto, Marta foi punida com perda de tempo no horário eleitoral.

Um outro panfleto de campanha que faz a comparação entre Marta e Kassab foi distribuído nas ruas por um único dia e cassado pelo TRE/SP, enquanto isso Kassab aparece em seu programa entregando um cheque para Serra para as obras do metrô. As máquinas da prefeitura e do Estado, juntas, em benefício da campanha Kassab e o TRE/SP faz vistas grossas.

Essa é a hora de acabar com a hipocrisia da mídia. Usar o programa eleitoral e questionar por que a mídia não fala sobre o caso. Por que não questionam a criação desta secretaria. Qual sua necessidade? Qual a relação societária de Kassab e Rodrigo? Essa discussão está nas ruas de São Paulo. Todos comentam. Se o PIG paulistano vai continuar fingindo de morto então que o programa eleitoral de Marta cumpra a função de esclarecer esses fatos, com urgência.

Por: Nelson Jandir Canesin
Sociólogo - São Paulo/SP